No dia 31 de janeiro, comemoramos a memória de São João Bosco, dentro dos grandes feitos de uma vida entregue totalmente a Deus, destaca-se a evangelização dos jovens através da prática de seu Sistema Preventivo vivenciado em uma época conturbada devido ao final do século XIX estar marcado pelas consequências da Revolução industrial e crises políticas (guerras napoleônicas e civis burguesas): pobreza, fome (uma grande seca devastou a colheita de grãos na Europa), altas taxas de desemprego (ainda os poucos que possuíam viviam uma jornada mínima de 12h) e etc.
A realidade da época a qual se encontrava Dom Bosco não era tão fácil, com longas jornadas de trabalho os pais geralmente não conseguiam estar atentos a educação de seus filhos, ou tais crianças não tinham acesso à educação por estarem, também, trabalhando dentro das grandes indústrias têxtil do país ou permaneciam simplesmente abandonadas nas ruelas da Itália sobrevivendo de mendicância.
Aos 9 anos, Dom Bosco teve um sonho que marcou profundamente sua caminhada:
“ Pareceu-me estar perto de casa. Numa área bastante espaçosa onde uma multidão de meninos estava a brincar. Alguns riam, outros divertiam-se, não poucos blasfemavam. Ao ouvir as blasfêmias, lancei-me de pronto no meio deles, tentando, com socos e palavras, fazê-los calar.
Neste momento apareceu um homem venerando, de aspecto varonil, nobremente vestido. Um manto branco cobria-lhe o corpo; seu rosto, porém, era tão luminoso que eu não conseguia fitá-lo. Chamou-me pelo nome e mandou que me pusesse à frente daqueles meninos, acrescentando estas palavras:
– Não é com pancadas, mas com a mansidão e a caridade que deverás ganhar esses teus amigos. Põe-te imediatamente a instruí-los sobre a fealdade do pecado e a preciosidade da virtude. ” Texto de Autoria de S. João Bosco
Assim, na cidade de Turim, Itália, Dom Bosco encontrou sua missão. Observando uma enorme quantidade de jovens que viviam marginalizados, sobrevivendo de pequenos furtos e abandonados pelos seus pais, entendeu que a punição em cárceres era inútil para lhes dar um mínimo de esperança e senso de bons cidadãos.
Desta forma, ele abre seu primeiro oratório chamado Oratório São Francisco de Sales, cujo trabalho busca formar bons cristãos dentro de uma sociedade submersa em pecados e ideologias humanistas de sua época, que colocavam o homem como centro e não o próprio Cristo. Sendo João Bosco um testemunho de santidade, de amor a Jesus e uma entrega perseverante em evangelizar até os mais difíceis, ele implanta o Sistema Preventivo, embasado em 3 pilares:
– Razão: totalmente contrário à sua época, Dom Bosco ensinava que a ciência e a religião caminhavam juntas, era totalmente adepto ao que o educador se fizesse entender, provar e convencer com argumentos, incentivando ao pensamento crítico e busca da verdade. Formando assim, cidadãos capazes de pensar, autônomos e com capacidade de escolhas.
– Religião: neste pilar, se ensina a vivência dos valores evangélicos dentro da prática educacional, não é apenas ensinar o catecismo ou dar aulas de religião, mas além. Nesta prática o educador precisa almejar a santidade, sendo ele um testemunho de busca por Jesus, de busca pela verdade e pelo amor apesar da essência pecadora do homem. Confissão e comunhão frequentes são as colunas que devem sustentar um edifício educativo, do qual se queira eliminar a ameaça e a vara. Jamais obrigar os jovens a frequentar os sacramentos, mas sobretudo encoraja-los afim de cumprirem com boa vontade e prazer dos frutos dessa prática piedosa.
– Bondade: “Caridade, paciência, doçura, nunca repreensões humilhantes, jamais castigos, fazer o bem a quem se pode, mal a ninguém. ” – Professor C. Danna da Univ de Turim, em 1849. A moralidade do educador deve ser notória, uma palavra de acolhimento, um conselho, aviso e correção devem ser parte deste ensino, isto conquistará o coração do aluno e seu respeito.
Viver este método não parece muito fácil, visto o quanto exige da própria pessoa a ser educadora, talvez até se pense o quão a repreensão possa ser mais útil. Contudo, a palavra nos ensina: “Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduzem à perdição e numerosos são os que por aí entram. Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho da vida e raros são os que o encontram.” – Mt 7, 13-14. Como cristãos, o caminho já nos foi mostrado, qual será a sua escolha?